Uma situação bastante comum que temos visto no dia a dia das organizações: executivos que resolvem dar um basta ao que chamam de “exploração da empresa” e montam seu próprio negócio. Deprimidos e oprimidos por metas inalcançáveis, tratamento desrespeitoso, excesso de trabalho, buscam melhor qualidade de vida. Mas, algum tempo depois, ao encontrarmos esses executivos, somos surpreendidos pelo relato de que agora eles estão trabalhando muito mais, a qualidade de vida, se não piorou, não melhorou e há um ar de arrependimento. O que aconteceu? Porque não houve uma transformação que resultasse em uma nova vida com menos trabalho, mais tempo para si, para a família e para os amigos? Porque a escravidão não acabou, apenas tornou-se remunerada?

Esse fato de pessoas insatisfeitas com o mundo organizacional montarem seus próprios negócios e em pouco tempo estarem trabalhando muito mais do que antes, confirma que elas estão escravas de si mesmas e não apenas do sistema. Embora o sistema seja o responsável pela implantação das crenças que orientam as ações que das pessoas que hoje, com livre arbítrio, definem o comportamento desses novos “donos do seu nariz”, o “seu nariz” parece mais exigente do que o “nariz” de seu antigo patrão.

Por que isso acontece? Como se livrar disso?

Pasquale Ionata (2007), professor de Psicologia da Personalidade na Universidade Auxilium, em Roma, Itália, no seu livro O céu dentro da mente relata que espantou-se ao ler um jornal italiano de tiragem nacional (La Repubblica, 15/07/2002, p. 20), a notícia de que aproximadamente três milhões de jovens norte-americanos correm o risco de se suicidar. Lembrou-se de que poucos anos antes Martin Seligman (psicólogo estadunidense e professor da Universidade da Pensilvânia, autor de contribuição significativa na área de Psicologia Positiva), denunciou o perigo de uma epidemia depressiva entre os jovens norte-americanos. As causas dessa epidemia seriam, primeiro, a incapacidade desses jovens viverem realidades comunitárias; em segundo lugar, o chamado movimento da autoestima em que, ao tentar elevar a autoestima, pais e educadores estimulam uma infundada e arbitrária autoestima que provoca o efeito contrário: a arrogância (“eu sou o máximo”). E, em terceiro lugar a “vitimologia”, onde se atribui a culpa das próprias dificuldades ao fato de sermos vítimas de alguma coisa ou de alguém.

Mas, como já dissemos, conceder-se a própria alforria não é fácil. Você tem que achar em seu interior capacidades e habilidades que você mesmo desconhecia ter para sair da escravidão.

Escravidão

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