A utilização do termo intuição, tem diferentes significados entre os pesquisadores. Muitas vezes o termo “intuitivo” refere-se a algo do senso comum, quando se diz: “Este equipamento tem controles muito fáceis de serem manejados, pois são movimentos intuitivos”. Interessante que a palavra intuição acaba tendo entendimentos opostos: de um lado um processo altamente diferenciado no ser humano, algo interior, “translógico” e, de outro lado, o significado de senso comum. Talvez por isso algumas pessoas entendam a intuição como algo relacionado a conhecimentos adquiridos no passado ou devido a experiências vividas.
É comum vermos em livros e artigos de diferentes áreas do conhecimento uma mistura de conceitos, mesmo quando o autor usa os termos senso comum e intuição em contextos diferentes. Essa ressalva é importante, pois a ideia de senso comum traz em si o fenômeno da comparação do ato de pensar, onde buscamos algo já vivido, que nos traga uma sensação de conforto ao nos depararmos com qualquer estímulo novo da realidade. Esse senso comum acaba se transformando numa armadilha do pensamento, fazendo com que interpretemos um novo estímulo como algo comum, já conhecido e, portanto, sem necessidade de maiores racionalizações. Esse fenômeno acaba tendo muita influência nas tomadas de decisão que fazemos todos os dias:
O interessante é que normalmente as pessoas têm dificuldade em aceitar ideias intuitivas exatamente porque elas não só não fazem parte do senso comum, como surpreendem nosso ato de pensar, desafiando o processo comparativo na memória. Por não apresentar antecedentes, muitas vezes uma ideia intuitiva que nos ocorre no meio do sono, se não for anotada, dificilmente será lembrada no dia seguinte. É algo novo que precisa ser aceito pela nossa racionalidade, mesmo com a falta de referências. Aceitá-la como algo real é uma competência referida pela maioria dos líderes de sucesso de todos os tempos.
Essa constância de citações da presença da intuição nos processos decisórios de grandes líderes mundiais foi bastante estudada por muitos pesquisadores e há uma preocupação em buscar uma definição mais específica do termo intuição, mesmo sendo ainda grandes as dificuldades para o real entendimento desse fenômeno.
Neste sentido a abordagem apresentada por Osho (2001) em seu livro Intuição: o saber além da lógica traduz melhor a visão da maioria dos autores com relação ao significado da palavra. Em um dos trechos, o autor comenta:
A intuição é, num certo sentido, como o instinto; em outro sentido, absolutamente diferente do instinto; em certo sentido como o intelecto, em outros sentidos absolutamente contra o intelecto. Então você terá de entender, porque é a coisa mais sutil que existe em você.
A intuição é como o instinto, porque você não pode fazer nada quanto a ela. Ela faz parte da sua consciência, assim como o instinto faz parte do seu corpo. Você não pode fazer nada quanto ao seu instinto e não pode fazer nada quanto à sua intuição. Mas assim como você pode permitir que os seus instintos sejam satisfeitos, pode permitir e dar total liberdade para que a sua intuição seja satisfeita. E você ficará surpreso com os tipos de poderes que carrega dentro de si.
A intuição pode lhe dar respostas para as questões supremas – não verbalmente, mas existencialmente.
A forma como a intuição é vista e utilizada tem evoluído, mas para muitos é ainda percebida com ceticismo e até de uma forma preconceituosa, manifestada por afirmações do tipo: isso é coisa de mulher. Podemos afirmar sem medo de errar que quanto mais cartesiana é uma pessoa, mais difícil será para ela aceitar e valorizar a importância desse componente em sua vida.
Como é do conhecimento público, Einstein intuiu toda a Teoria da Relatividade e depois dedicou anos da sua vida para provar aquilo que foi trazido por sua intuição. Imaginem o que teria acontecido se Einstein não tivesse valorizado a sua intuição.
É a intuição um dom de poucos privilegiados? Pode ser desenvolvida?
Felizmente a resposta para estas questões é de que a intuição está à disposição de todos, pode ser desenvolvida e aprimorada e que só depende de nós.
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