Levando em conta as novas teorias sobre o pensamento humano, podemos dizer que, num primeiro momento, pensar é um processo comparativo entre os estímulos que recebemos da realidade através dos sentidos e aquilo que já existe em nossa memória. Lembrar que nossa memória é um arquivo onde é feita a recuperação de momentos já vividos de acordo com a intensidade das emoções ligadas a eles. Quanto mais intensa a emoção, mais rapidamente o fato associado a ela vem à mente.
O registro que nossa memória faz continuamente de tudo o que acontece conosco no dia a dia, de forma consciente ou não, carrega uma emoção correspondente. Tente lembrar-se do que você jantou há três dias e, a menos que tenha sido um jantar especial, você vai ter dificuldade de recordar os detalhes. Mas se pedirmos para você lembrar o dia de seu casamento, do nascimento de um filho, ou do que estava fazendo quando aconteceu algo marcante, como a morte do piloto Ayrton Senna, ou a queda das torres gêmeas nos Estados Unidos, rapidamente você vai lembrar com detalhes o que aconteceu nesses momentos de sua vida, apesar de eles terem ocorrido muitos anos antes de seu jantar.
Portanto, antes que seu pensamento consciente entre em ação, uma série de fenômenos já foram desencadeados no seu inconsciente numa velocidade espantosa e o estímulo atual terá uma relação ao já vivido, de acordo com a carga emocional agregada a esse momento do passado. Podemos dizer que o pensamento, como processo de checagem entre o estímulo atual e as nossas referências gravadas na memória, é sempre baseado no passado. O “ato de pensar”, este sim ocorre no presente. Assim, o “primeiro sentir” de um dado estímulo da realidade relaciona-se a uma emoção vivida no passado em situação similar e serve de “gabarito” para minha tomada de decisão atual.
Esse processo de lançar mão de “gabaritos” já vividos ocorre para viabilizar nosso dia a dia, pois boa parte das coisas cotidianas é repetitiva e não seria possível elaborarmos cada fato isolado sem essas referências. O sistema lógico consciente é lento e demanda muita energia. Nós não conseguiríamos viver com a velocidade que vivemos hoje sem esses registros emocionados da memória. Reflita sobre o que vimos até aqui, pois continuaremos nesse tema no próximo artigo.
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