Como pensamos? (Parte 2 – Aprendizado) – Paulo Roberto

Pense como você precisou usar seu pensar consciente para o aprendizado de dirigir. Cada movimento foi incessantemente treinado nas suas aulas de autoescola, até que ele fosse “incorporado” – fixado no corpo – pela repetição e sentimento de domínio da máquina. Porém, depois de aprendido, o ato de dirigir passa a ser automático. As ações são definidas rapidamente pelo automatismo do nosso pensamento, pois são movimentos repetitivos e semelhantes que fazemos todos os dias. Somente o que sair do padrão definido é que fará entrar em ação o nosso pensar consciente, muitas vezes depois de uma ação já tomada. É comum você desviar seu carro de algo e, só depois, conscientizar-se do que realmente aconteceu.

Importante perceber que o aprendizado é feito no pensar consciente: é preciso que eu esteja “consciente” e “sinta” o que está acontecendo para que eu registre adequadamente esse aprendizado na memória. Portanto, é na ação consciente que o aprendizado se formata e, a partir dessa formatação, é incorporado ao nosso patrimônio intelectual. Por outro lado, após o aprendizado ser automatizado, usar o pensar consciente retarda terrivelmente as ações aprendidas e por isso a tarefa é incorporada e “delegada” ao pensamento automático, que assume as rédeas para a execução rotineira.

Muito importante perceber também que toda parte consciente do processo de pensar começa na emoção. Boas emoções geram sentimentos agradáveis e favorecem as relações com a realidade atual. Emoções dolorosas dificultam, em geral, a aceitação do momento atual, chegando a provocar bloqueios se essas emoções forem ligadas ao medo, à raiva, à tristeza, à aversão etc. Não há dúvidas de que emoções dolorosas marcam nossa memória e facilitam a recuperação dos fatos ligados a elas quando um estímulo semelhante do presente disparar o processo de comparação. Mas, essa recuperação poderá ser muito menos problemática caso o aprendizado do passado tenha ocorrido através de emoções agradáveis. Claro que nem sempre isso é possível, uma vez que a memória humana grava tudo que nos acontece, queiramos ou não conscientemente. Mas, sabendo do funcionamento do ato de pensar, temos que criar, sempre que possível, ambientes de aprendizado recheados de estímulos que produzam emoções agradáveis na memorização dos registros. E aí, o aprendiz estará motivado, curioso, desafiado e estimulado a aprender.

Aprendizado

 

 

 

 

 

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