Devido ao processo de percepção do mundo evolvendo nossos sentidos, emoções e sentimentos retirados da memória, é importante percebermos que a realidade vivida por uma pessoa é absolutamente individual, regida por sua história de vida. Não é possível que duas pessoas vejam a realidade da mesma forma. Assim, precisamos aceitar que a diversidade de visões de um mesmo fato não implica alguém estar certo e alguém estar errado. São apenas diferentes ângulos de olhar, interpretados pelas características históricas de cada um.
Por isso é muito importante não acharmos que só existe uma interpretação correta da realidade: a minha. Ao contrário, para eu poder suplantar o viés de interpretação impingido pela minha história (memória), é fundamental ouvir com atenção todas as demais interpretações de quem viveu a mesma realidade, principalmente aquelas formas de ver muito diferentes da minha. Só posso me aproximar da verdadeira realidade com olhares diferentes dos meus, não desprezando, claro, as características próprias do meu olhar. A diversidade enriquece a verdade.
Numa sala de aula temos inúmeras formas diferentes de enxergar a realidade. Ouvir todas elas de uma forma imparcial e compor coletivamente um fato, exige do mestre uma enorme capacidade de escuta, de análise e, depois, de síntese, compondo um resultado final onde todos se considerem ouvidos e sintam ter ampliado de forma significativa seus horizontes. Parece uma tarefa difícil, mas quando todos colocam livremente suas visões, a aceitação da diferente percepção dos outros passa a ser algo natural e importante para um olhar mais generoso para o mundo.
Para isso, a função de um líder é colocar-se também na condição de aprendiz daquela realidade apresentada. Não basta ouvir as partes em confronto. É preciso ouvir todos aqueles que, de uma forma ou de outra, convivem naquele espaço/tempo. Só assim poderemos buscar solução dos nossos conflitos diários.
Deixe um comentário