creemEm que creem os que não creem? Esse é o nome de um interessante livro que relata as cartas trocadas entre Umberto Eco, famoso filósofo e escritor italiano, e o cardeal Carlo Maria Martini, ex-arcebispo de Milão.

Quanto mais a ciência traz subsídios que explicam racionalmente o mundo que nos rodeia, mais nos sentimos inseguros, tristes e oprimidos. Quanto mais temos informações sobre o que aconteceu na história do Homem e do que hoje acontece em cada canto do mundo em tempo real, mais nos submetemos a sistemas de domínio que usam a emoção e a descrença como mecanismos de controle sutis. E esses mecanismos funcionam devido à nossa ignorância em compreender o funcionamento de nossa mente e a importância de nossa visão existencial para nossa autonomia na vida. Os sistemas político e econômico não mais nos subjugam pela falta de informações ou pelo poder do saber técnico-científico como no passado. Hoje eles usam a fragilidade de nossa pouca autonomia emocional e a descrença e insegurança provocadas pela falta de competência das pessoas em acreditar nas leis que coordenam a vida e o funcionamento do Universo, leis essas que ainda não conhecemos, mas que se expressam claramente na evolução do Cosmos. Leis que nossa intuição alcança e compreende, mas que, como nossa mente racional ainda não consegue explicar, resistimos em aceitar.

Se compararmos o uso do tempo nos últimos cem anos, veremos uma transformação radical entre a utilização da nossa vida nos diferentes setores da existência humana, já que tempo é vida (e não dinheiro). Imaginem o mundo sem computadores, tablets, telefones, televisões, automóveis, aviões, ultrassom, sem educação universitária formal para todos, sem eletricidade. Imagine o mundo sem facebooks, twitters, blogs, e-mails, sem wi-fi, sem centenas de canais de televisão funcionando vinte e quatro horas por dia, sem luz elétrica, sem sabermos o sexo do bebê que só vai nascer daqui a nove meses, sem congestionamentos, sem atrasos de voos, sem multimídia etc. Como as pessoas usavam o tempo nesse mundo primitivo e incivilizado? Como as pessoas conviviam com o silêncio prolongado das noites, com as luzes das estrelas e da lua, com a monotonia dos momentos em família, dos jantares à luz de velas, com os pais levando e buscando seus filhos todos os dias na escola?

Claro que não estamos desprezando a importância da evolução tecnológica nem pregando uma volta romântica à era agrícola. Hoje sabemos que a evolução do universo é inexorável e temos que aproveitar tudo que foi criado em benefício da humanidade para prosseguir sempre avançando para patamares mais altos de sabedoria e da consciência humana. Não há porque voltar. Mas podemos retomar, com o evoluído olhar de hoje, coisas fundamentais que podemos ter perdido na busca por mais conhecimento novo e fazermos correções de rota. Retornarmos para dar força a um novo impulso.

Em que creem nossos jovens? E qual o papel da escola nesse novo contexto?

 

 

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