EmpatiaÉ fácil observar que as crianças já nascem com algumas habilidades emocionais. Isso tem sido confirmado por pesquisas que mostram como os bebês sentem o sofrimento de outros bebês (choram quando outro bebê chora) e de adultos em dificuldades, revelando sua capacidade de desenvolver empatia com o outro.

O psicólogo Paul Bloom, da Universidade de Yale (EUA), mostra que bebês e crianças muito pequenas já tentam ajudar as crianças que sofrem, oferecendo comida ou um brinquedo quando elas choram. Mesmo quando veem adultos em dificuldades, as crianças tentam ajudar. Dr. Paul Bloom, em trabalho recente, mostrou num teatro de marionetes uma criança que jogava uma bola para outras duas. A primeira devolvia a bola sempre que ela lhe era endereçada. A segunda pegava a bola e saía correndo. Em determinado momento do teatro de marionetes, uma criança da plateia deu um peteleco na que fugia com a bola. As crianças empatizam com os personagens bons de desenhos animados e rejeitam os maus, numa fase precoce de entendimento racional sobre o bem e o mal. Assim, há evidências de um enorme potencial de habilidades amorosas e altruístas nos bebês que precisam ser transformadas em competências emocionais no dia a dia.

Nós já havíamos notado a tendência dos bebês em imitar movimentos que fazemos para eles, como um sorriso ou um movimento facial. Esse aspecto foi confirmado com a descoberta feita pelo Dr. Giacomo Rizzolatti na Universidade de Parma (Itália) do chamado “neurônio espelho”, célula pertencente a uma área do cérebro que desempenha o papel de reproduzir como cópia as sensações, emoções e dificuldades que presenciamos no outro.

Podemos perceber claramente nossa dependência das outras pessoas para desenvolvermos nosso conhecimento, nossas relações e nossa empatia. Os cientistas acreditam que o autismo possa estar relacionado a neurônios-espelhos malformados ou mal desenvolvidos, daí sua dificuldade em criar uma empatia com outras pessoas.

Assim, essa descoberta revela a importância da empatia na formação das diferentes competências em todos os campos da vida desde a infância. Pode parecer estranho, mas boa parte do nosso aprendizado, principalmente o das crianças, parece fazer-se por empatia. Vivemos as nossas situações e as dos outros.

O interessante é que, se lembrarmos de eventos cotidianos, vamos constatar que é essa empatia que nos faz sorrir, sofrer, chorar e até odiar, nos filmes, no teatro, nas novelas e em outras situações onde assumimos as emoções e os sentimentos que não são nossos diretamente. Quando vemos um equilibrista na corda bamba, frequentemente nos pegamos fazendo contorcionismos com nosso corpo como se estivéssemos em perigo de cair, comprovando os efeitos em nosso comportamento dos chamados neurônios-espelho.

Fica claro, então, que estamos dotados fisicamente, desde o nascimento, de uma alta capacidade de relacionamento, mesmo que isso se faça de forma inconsciente. O outro é nosso ensinante permanente.

 

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