Porque as pessoas, com o potencial de todas as suas inteligências, têm tantas dificuldades em realizar as metas propostas? Porque as pessoas têm dificuldade em fazer acontecer os resultados com a qualidade pretendida? Porque as pessoas, mesmo com elevados salários, estão tão insatisfeitas? Porque o índice de inovação nas organizações brasileiras é tão baixo? Qual a razão da baixa produtividade do setor público? Porque as organizações parecem cada vez mais “doentes”? Porque os governos não governam? Porque as empresas do setor produtivo não produzem com a eficiência esperada? Porque a corrupção está tão disseminada em nosso país? Porque as pessoas têm comportamentos tão diferentes quando estão dentro ou fora do ambiente das organizações? Porque as pessoas agem de forma violenta quando estão em grupo?
Segundo o professor de Harvard Howard Gardner no livro Inteligência – Um conceito ampliado: inteligência é o potencial biopsicológico para processar informações que pode ser ativado num cenário cultural para solucionar problemas ou criar produtos que sejam valorizados numa cultura, ou seja, esse potencial pode se realizar mais ou menos em consequência de fatores experienciais, culturais e motivacionais que afetam a pessoa.
De início Gardner descreve sete inteligências humanas distintas: a linguística e a lógico-matemática (tipicamente valorizadas nas escolas); as três inteligências particularmente notáveis nas artes: a musical, a físico-cinestésica e a inteligência espacial. E, por fim, as duas mais polêmicas à época e que Gardner chamava de inteligências pessoais: a inteligência interpessoal (capacidade de entender as intenções, as motivações e os desejos do próximo e, consequentemente, de trabalhar de modo eficiente com terceiros) e a inteligência intrapessoal, que envolve a capacidade de a pessoa se conhecer, de ter um modelo individual de trabalho eficiente – incluindo aí os próprios desejos, medos e capacidades – e de usar estas informações com eficiência para regular a própria vida.
Embora haja uma participação sempre constante de diversas inteligências no desenvolvimento de cada competência, algumas são utilizadas predominantes na construção de cada categoria de competências que descrevemos. Assim, as cognitivas se utilizam mais da inteligência lógico-racional para sua incorporação e posterior aprimoramento. As competências técnicas lançam mão de outras inteligências, como a inteligência sinestésico-corporal, a inteligência musical, a inteligência espacial, a inteligência linguística e a inteligência naturalista. Para as competências relacionais, contribuem principalmente a inteligência intrapessoal, a interpessoal e a linguística. Para as competências emocionais, colaboram mais fortemente duas inteligências, a intrapessoal e a interpessoal. Por fim, as competências espirituais ou existenciais são incorporadas e desenvolvidas através da inteligência espiritual.
Importante frisar que existe uma forte interdependência entre todas as competências tanto na sua formação quanto em seu posterior desenvolvimento. Por outro lado, as competências têm autonomia para sua utilização, podendo, na prática do fazer acontecer, ser utilizadas em desarmonia. E é essa desarmonia que explica porque pessoas altamente competentes do ponto de vista técnico e cognitivo podem apresentar sérias dificuldades relacionais, tornando seus esforços no fazer acontecer diário, muitas vezes, infrutíferos. Essa grande desarmonia é, sem dúvida, um dos problemas centrais que deverão ser enfrentados pelas organizações daqui para frente. O não enfrentamento desta questão inviabilizará as grandes transformações que se farão necessárias para um futuro melhor para todos.
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