Ao encontrar, ou escutar aqueles que estão doentes, aos imigrantes que se deparam com dificuldades tremendas em busca de um futuro melhor, detentos que carregam um inferno em seus corações, e aqueles, especialmente jovens, que não encontram emprego, eu me pego pensando: “Por que eles e não eu?” Inclusive, eu nasci em uma família de imigrantes; meu pai, meus avós, assim como outros italianos, foram para a Argentina e se depararam com o destino daqueles que acabam com nada. Hoje, eu bem poderia estar entre as pessoas “descartadas”. E é por isso que sempre me pergunto, do fundo do meu coração: “Por que eles e não eu?”

Acima de tudo, eu adoraria que esta conferência pudesse nos lembrar que todos precisamos uns dos outros, nenhum de nós é uma ilha, um “eu” autônomo e independente, separado dos outros, e podemos construir um futuro apenas juntos, sem excluir ninguém. Quase nunca pensamos em como tudo está conectado, e precisamos restabelecer nossas conexões para uma boa saúde. Até os piores conceitos que tenho em meu coração contra meu irmão e minha irmã, a ferida aberta que nunca foi curada, a afronta que não foi nunca perdoada, o rancor que apenas machucará a mim, são exemplos de uma batalha que carrego dentro de mim, uma chama dentro de meu coração que precisa ser apagada antes que incendeie tudo, deixando apenas cinzas.

Apenas educando pessoas para uma autêntica solidariedade conseguiremos superar a “cultura do desperdício”, que não inclui somente comida e bens, mas, principalmente, as pessoas que são marginalizadas por nossos sistemas tecno-econômicos os quais, mesmo sem perceber, priorizam, em vez das pessoas, os produtos das pessoas.

O texto acima faz parte de uma Palestra do Papa Francisco, filmado na Cidade do Vaticano e exibido no TED2017, com o nome “Why the only future worth building includes everyone” (Por que o único futuro que vale a pena construir inclui todos).

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