doentesO mais intrigante da nossa atual medicina tecnológica é que ela estabelece padrões únicos, fora dos quais somos considerados “anormais” ou “doentes”. A busca incessante, a partir daí, é enquadrar todos os seres humanos nos padrões criados pelo próprio homem, não respeitando a “normalidade” da Natureza, que é justamente a “diversidade”. Para a medicina alopática atual somos todos doentes… é só uma questão de examinar bem!

De perto todos temos imperfeições. Como a Vida respeita as diferenças, ela é feita de “imperfeições” aos olhos ignorantes dos seres humanos que criam padrões de normalidade incompatíveis com o viver integrado da Natureza. “Procurando bem, todo mundo tem pereba, marca de bexiga ou vacina e tem piriri, tem lombriga, tem ameba, só a bailarina que não tem!” – Chico Buarque em Ciranda da Bailarina. Por isso, essa bailarina não é real.

Somos assim convencidos a sanar “defeitos” que são, muitas vezes, nossas maiores qualidades. “Quantos defeitos sanados com o tempo, eram o que de melhor havia em você?” – Oswaldo Montenegro na brilhante letra da música “A lista”.

Parece que os artistas sabem o que é a Vida em sua essência…

Essa tentativa de encontrar defeitos e doenças traz um reforço aos muitos medos que atordoam os zumbis modernos (seres em busca de uma vida de controle, certezas, ausência de riscos e sofrimentos). Nunca tivemos tantas pessoas hipocondríacas, depressivas ou com síndrome do pânico. E a manutenção de um alto grau de medo na população sempre foi uma estratégia de dominação e controle. Propagar a insegurança, supervalorizar riscos e criar sempre novas epidemias pela mídia, faz dessas ameaças um motivo para entregarmos nossas Vidas a governos aparentemente democráticos, sem que o autoritarismo deles em nosso cotidiano fique patente.

Mas, ainda pior, é o uso de tantos medos como estratégia de vendas para produtos e serviços nas áreas de segurança, de medicina, de alimentação, de atividades físicas etc., com a promessa de manutenção de uma “qualidade de Vida” onde o sofrimento não existe.

A educação infantil precisa assumir novamente o paradigma de que a Vida é cheia de riscos e imprevistos, ganhos e perdas, alegrias e tristezas. Aprender a lidar com todas essas realidades através da gestão adequada das emoções é uma necessidade de nossos dias para que não nos tornemos doentes imaginados ou doentes por antecipação.

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