Fechamos um ciclo. Um milênio marcado por um crescente desenvolvimento da humanidade no que nos acostumamos a chamar “evolução tecnológica”, onde a produção e disseminação do conhecimento humano atingiu velocidade jamais imaginada. As ciências buscaram, através de diferentes caminhos, entender a razão de nossa existência, viajando no passado e projetando futuros, às vezes otimistas, outras vezes pessimistas, na ânsia de descortinar, cientificamente, o que as tradições e religiões previam intuitivamente no início dos tempos. Foram esforços infindáveis de buscas na Terra, no mar e nos céus à procura da “Felicidade”.

Mas, onde chegamos efetivamente?

Formas variadas de guerras ocorrem todos os dias, devastação ecológica, sujamos a Terra e talvez não tenhamos água potável suficiente para limpá-la, insistimos num modelo econômico que concentra em alguns grupos as riquezas produzidas por todos em detrimento de uma multidão de famintos, continuamos a produzir armas atômicas, presenciamos xenofobia como norma na maioria dos países, os preconceitos raciais, religiosos, regionais, de comportamento sexual e tantos outros permanecem e uma variedade inusitada de descalabros colocam-se como efeitos colaterais da assim chamada “Civilização Moderna”.

Nas redes sociais da internet agora mora a realidade dos não-vivos, já que nesse ambiente parece haver liberdade, segurança, controle e ausência de riscos. Se não quero mais um amigo que deu uma opinião com a qual não concordo, eu apenas o deleto. Pessoas se gabam de possuir centenas de “amigos”. Mas, amigos virtuais são como amigos da Vida real?

As redes sociais tornaram-se uma dimensão paralela muito apreciada por verdadeiros “zumbis virtuais”. Lá eles têm a falsa impressão que uma vida paralela (o inverso da Vida) é possível. Lá eles parecem fazer diferença. Lá eles aparecem e, se aparecem nas redes sociais, existem. Se existem, pensam que vivem. A máxima de Descartes “penso, logo existo” é substituída por “sou visto, logo existo”.

Em nome desse novo lema, a privacidade é publicizada para regozijo de uma sociedade que passou a valorizar a visibilidade como a razão de estar vivo. Os realities shows se multiplicam, sempre com julgadores do comportamento humano a reprovarem ou aprovarem o que consideram bom ou mau em situações absurdas em que as pessoas são colocadas.  A repetição banaliza a maldade e faz com que ela penetre nos padrões sociais e culturais, atingindo e transformando o nível de consciência das pessoas. A violência fica guardada na Caixa de Pandora que existe dentro de cada um de nós e ela pode ser aberta a qualquer momento se a chave da consciência permitir. Qualquer ser humano normal pode, sob certas circunstâncias e na dependência de seu nível de consciência, tornar-se momentaneamente num sádico ou psicopata. Essa possibilidade fica ampliada quando isso ocorre no anonimato de um grupo.

Para os “zumbis virtuais” só existem duas alternativas: ser “celebridade” ou ser vítima. Vamos colocar outros posts sobre o tema das redes sociais, que, como toda grande revolução social e cultural, tem vantagens e desvantagens.

Assistam a esse vídeo do TED Talks (Technology, Entertainment and Design), uma associação sem fins lucrativos que realiza palestras com especialistas do mundo todo envolvidos com inovação nas áreas de tecnologia, entretenimento e design. Nele, cujo estranho nome é “O dilema das fritas enroladas: Porque “curtidas” em mídias sociais dizem mais do que você pensa”, Jennifer Golbeck, diretora do Human-Computer Interaction Lab at the University of Maryland, estuda como as pessoas usam as redes sociais e reflete sobre os caminhos para melhorar essa interação. Aponta, no entanto, o uso abusivo e muitas vezes mal-intencionado dos dados disponibilizados pelos usuários das redes sociais.

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