Câmara 3: Mestre Brincador
O Brincador
Quando for grande, não quero ser médico, engenheiro ou professor. Não quero trabalhar de manhã à noite, seja no que for.
Quero brincar de manhã à noite, seja com o que for. Quando for grande, quero ser um brincador.
Ficam, portanto, a saber: não vou para a escola aprender a ser um médico, um engenheiro ou um professor. Tenho mais em que pensar e muito mais que fazer. Tenho tanto que brincar, como brinca um brincador, muito mais o que sonhar, como sonha um sonhador, e também que imaginar, como imagina um imaginador…
A mãe diz que não pode ser, que não é profissão de gente crescida. E depois acrescenta, a suspirar: “é assim a vida”. Custa tanto a acreditar. Pessoas que são capazes, que um dia também foram raparigas e rapazes, mas já não podem brincar.
A vida é assim? Não para mim. Quando for grande, quero ser brincador. Brincar e crescer, crescer e brincar, até a morte vir bater à minha porta. Depois também, sardanisca verde que continua a rabiar mesmo depois de morta. Na minha sepultura, vão escrever: “Aqui jaz um brincador. Era um homem simples e dedicado, muito dado, que se levantava cedo todas as manhãs para ir brincar com as palavras”.
Álvaro Magalhães
“As escolas formam os professores e a vivência os transforma em mestres!”
O brincar é a primeira e a eterna escola dos seres humanos. Uma das formas mais eficazes de aprender através da ação em situações de relaxamento e prazer.
Por isso, em programas de desenvolvimento profissional, são cada vez mais frequentes os jogos e simuladores como forma de experimentarmos a vida com o menor risco possível. Assim é na aviação, na formação de motoristas, no aprendizado de procedimentos cirúrgicos e de salvamento e tantos outros. A evolução dos jogos para treinamento no mundo da tecnologia recebeu até um novo status, sendo chamados hoje de “Serious Games”.
Saber utilizar o lúdico nas atividades dos alunos é uma competência indispensável para motivá-los e desafiá-los a empreender atividades que, de outra maneira, tornam-se pouco atraentes. Além disso, nas brincadeiras e nos jogos é possível trabalhar a importância de aceitarmos a derrota eventual e as perdas como algo natural da vida, aquilo que dá significado às vitórias e aos sucessos que obtemos. Estamos numa época de pouca aceitação de derrotas e perdas, talvez porque estejamos enfatizando demais os ganhadores e desprezando os perdedores. Mas todos fazem parte do mesmo jogo.
Nesta câmara traremos dicas, bibliografia, vídeos e tudo que puder auxiliar os docentes a aperfeiçoar sua capacidade de brincar e fazer brincar.
As Câmaras
As Câmaras representam bem o aprendizado de competências, pois priorizam a prática como forma de incorporação de conhecimento. Neste nosso espaço, esperamos que as reflexões redundem em uma nova forma de agir, a ser colocada em prática no tatame diário da escola. Cada tema terá uma Câmara específica e um ou mais responsáveis por ela. Assim, clique no botão BLOG e você será levado a um templo de aprendizagem continuada que, esperamos, seja útil para o seu aperfeiçoamento como um Mestre na formação de cidadãos conscientes e felizes.